31 agosto, 2016

Resenhas: Melanie Klain: Analise do Caos (CD, 2016)

Resenhado por Ygor Nogueira.

Nos primeiros instantes de audição é perceptível que, o quinteto nascido em Mococa-SP, sabe bem o porque de usar a música como uma fortíssima ferramenta. O Melanie Klain, cujo nome faz referência a uma renomada psicanalista austríaca, tem como ideia principal usar o poder das palavras para, assim causar, um maior impacto.

Muita acidez e batendo de frente com a raiz do problema, o quinteto que deixa bem claro suas influências por bandas mais atuais como System Of A Down e usa um bocado dos requintes do metal moderno, liquidifica toda essa mescla para assim buscar moldar sua própria identidade.

Doze composições apolíticas, criticais e que põem o dedo na ferida da hipocrisia - humana e social ao país -, assim como mexe também como o mercado da fé e a cultura da era atual e sua ciberalienação compõem claramente o título de "Análise do Caos".

Numa produção de boa qualidade a sonoridade do grupo abusa da variação rítmica, distinguindo muito uma faixa da outra, dando uma estrutura personal a cada uma delas. Similarmente eles fazem com o trabalho vocal, que dita bem sua dosagem de sarcasmo nas composições, usando guturais, agudos ou melodiosos nos esporros cheios de frases de baixo calão.

"Desrespeitável Público" faz as honras da casa apresentando o grande circo que chamamos de 'Brasil, um país de todos'. Uma introdução bem criativa para dá sequencia à "Abençoados Por Deus", que mostra um pouco da autodenominação do patriota; aqui é fortemente sentido as influências da banda.

Os sinos a badalarem a chegada de "Fé Cega", que usa riffs secos enquanto os vocais trabalham na mesclagem de citação e alguns urros de fundo sendo implementados. Destaque também para o trabalho de guitarras no solo. "Lavagem Cerebral" retrata a manipulação e abuso da mídia diante dos fatos cotidianos, enquanto "Rede Social" resume as "personalidades" adotadas por milhões por trás das telas.

Sem falsos elogios, o Melanie Klain tem de fato, qualidade musical e lírica para seguir com o pé no acelerador na estrada do mercado metálico e soube mesmo fazer por onde o álbum "Análise do Caos" mostrasse bem quem são e para que vieram. Ouça!

Melanie Klain - Análise do Caos (CD, 2016)
Independente- Nacional

Músicas:

01 – Desrespeitável Público
02 – Abençoados Por Deus
03 – Diálogo
04 – Fé Cega
05 – Guerra
06 – Marcas do Abandono
07 – Lavagem Cerebral
08 – Cartas de Um Suicida
09 – Cólera Nação
10 – Rede Social
11 – Análise do Caos
12 – Reflexão


Integrantes:
Duzinho: Vocal
Leandro Viola: Guitarra
Chapolim: Guitarra
Vick: Baixo
Pedro Bertti: Bateria


Sites Relacionados:
www.melanieklain.com.br
www.roadie-metal.com/press/melanie-klain

26 agosto, 2016

Resenhas: Death Chaos: Prologue in Death & Chaos (EP, 2016)

Resenhado por Ygor Nogueira.

Do contrário ao que a maioria pensa ou crer, a música extrema é levada muito a sério em nosso país, fazendo parte de nossas rotinas diariamente. E nesse segmento existem hordas que não se contentam em se prender naquele "meia-boca". Muito pelo contrário, se for pra fazer tem que fazer bem feito.

Os curitibanos do Death Chaos surgiram há dois anos atrás com esse ideal em mente, e mostram que, apesar da idade prematura eles exaltam qualidade e competência suficiente para dá origem a uma sonoridade extremamente bruta e de técnica acima da média.

Com isso, o quarteto não poupou tempo e deu vida ao seu primeiro trabalho de estúdio, o intitulado "Prologue in Death & Chaos" (2016).

Uma sonoridade emaranhada nas raízes do Death Metal tradicional, com uma excelente estrutura rítmica e que dá atenção aos menores detalhes, pois a banda consegue explorar cada mínimo arranjo ou melodia resultando um excelente trabalho de guitarras, sempre sentando a mão firmemente, tanto no destilar de riffs ríspidos que abusam do peso ou no ótimo desenvolvimento dos solos, gerando grandes picos de feeling.

O EP carrega cinco composições onde a média dos seis minutos prevalece, e engana-se quem acha que a audição chega a ser enjoa ou repetitiva, pois não é. Nada mesmo! A banda sabe criar e rechear muito bem sua música e usa da sua capacidade, individual e coletiva, para cuspir um death metal técnico, obscuro, abrasivo, de muito peso e bumbos violentos.

"You Die I Smile" abre o pacote com sua introdução mórbida, que logo é atropelada pela agressividade dos riffs cerrados e bumbos acelerados da bateria, ganhando um forte feeling ao entrar do solo.

"Death Division" abrange uma pegada mais violenta, soando com mais intensidade e peso dos vocais. Lenhada abrasiva!

"House of Madness" é uma faixa mais diversificada, explorando mais a rítmica e cadência do grupo, com vários picos e um trabalho mais cuidadoso dos vocais.

"Erased Sky" emana uma aura mais melódica e depressiva, uma composição mais arrastada mas que leva os requintes certos para cativar o ouvinte. Melhor solo do disco!

"You Are Not You" fechando o disco como um tiro na nuca! Sua pegada mais abrasiva, com vocais mais urrados e a cozinha violenta de baixo e bateria, se responsabiliza pelos torcicolos no final do expediente.

Em resumo, "Um Prólogo de Morte e Caos", em tradução pátria, resultou para o Death Chaos uma estreia saudosa, chamando à atenção dos velhos e novos apreciadores do gênero. As portas da prosperidade foram abertas, agora é pôr pra frente!

Death Chaos - Prologue in Death & Chaos" (EP, 2016)
Independente - Nacional

Músicas:

1. You Die I Smile
2. Death Division
3. House of Madness
4. Erased Sky
5. You Are Not You


Integrantes:
Denir Deathdealer – Vocal e Baixo
Julio Bona – Guitarra
David Oliver – Guitarra
Ueda – Bateria

Sites Relacionados:
www.facebook.com/deathchaosmetal
www.roadie-metal.com/press/death-chaos

25 agosto, 2016

Resenhas: Axecuter: Anthology (CD, 2014)

Resenhado por Ygor Nogueira.

Ditando as próprias regras, doa a quem doer, esse é a única lei estabelecida na cartilha dos curitibanos do Axecuter. Com apenas seis anos de existência e um único full length lançado, o trio demonstra-se ousado o suficiente para lançar sua primeira compilação.

"Anthology", registro sucessor de "Metal Is Invincible" (2013), reúne alguns hits clássicos da banda contidos, não apenas do debut, mas também em lançamentos menores como a Demo "Bangers Prevail" (2011) e 7”EP "Innocence Is Our Excuse" (2012)  que foram lançados em Tapes e Vinil em quantidades limitadas, gerando acessibilidade apenas para os headbangers maníacos por natureza. E foi pensando em ampliar essa acessibilidade que o grupo optou por colocar nas prateleiras o mais novo bolachão.

Uma sonoridade nascida do espírito old school, que dispensa os requintes das produções mais modernas, devota aos deuses antigos do metal, transpirando o tradicionalismo empoeirado do Heavy Metal é que dita a mescla de Heavy, Thrash e Speed Metal do Axecuter. Cru, pesado, ríspido e nada convencional!

Sendo assim, é difícil não se agarrar as entranhas emaranhadas com muita honestidade, sangue e glória, composições de riffs ganchudos, refrões marcantes e enérgicos, urrados em vocais agressivos e rasgados. Muito bem estruturadas, todas as composições possuem muita coesão e aprumo, isso deixa claro que o trio sabe de cor aonde põe os pés, até mesmo quando se trata das faixas covers homenageando ícones consagrados do metal nacional e internacional como Vulcano e Venom.

Ignorando a qualidade em termos de produção, o que não nos interessa se tratando de um compilação, pois tanto em gravação quanto em lançamento possuem produtores e períodos diferentes, esse registro é um prato cheio para quem ouve, e proporciona vastos picos de nostalgia e paixão pelo metal tradicional!

O Axecuter ganha pontos extras e expansão de território por tamanha façanha feita, e faz por deixar, nós, os apreciadores, com ânsia por algo novinho, saído do ferro e do fogo. Que venha o segundo full-length!

Axecuter - Anthology (CD-Compilation, 2014)
Rising Records - Nacional

Músicas:

01. Bangers Prevail
02. The Axecuter
03. Ritual of Decibels
04. Dominios of Death (Vulcano cover)
05. Innocence Is our Excuse
06. Blades of the Hun
07. Heavy Metal to the World (Manilla Road cover)
08. The Axecuter
09. Ritual of Decibels
10. Raise the Axe
11. Blackened Are the Priests (Venom cover)
12. Blood and Iron (Cirith Ungol cover)


Integrantes:
DANMENTED - Guitars / Vocals
RASCAL - Bass / Backing Vocals
VIGO - Drums


Sites Relacionados:
www.facebook.com/axecuter
www.sanguefrioproducoes.com/bandas/Axecuter/24

24 agosto, 2016

Resenhas: Nails: You Will Never Be One of Us (CD, 2016)

Resenhado por Ygor Nogueira.

Algo que sempre me fisgou no Underground foi a facilidade que esse cenário possui de surpreender. Dia após dias, descobrimos uma infinidade de materiais e nomes e mais nomes, que futuramente, venham a ser referências para futuras gerações.

O NAILS, formado na cidade de Oxnard - Califórnia, EUA, em 2007, reúne em sua sonoridade altamente agressiva, dosagens cavalares de raiva, fúria e agressividade para originar o seu Powerviolence Grindcore, melhor dizendo! E se você está se perguntando: "mas que diabos é isso?", aperta o play, que em menos de trinta segundos vai está entendendo o que isso representa claramente!

Tamanha é a destruição encontrada aqui, que foi justamente essa personalidade agressivamente única de fazer metal que chamou a atenção da Nuclear Blast America, selo que lança este trabalho em parceria com a Shinigami Records arrebentando na versão nacional. O Grindhardcore com uma pegada bruta e veloz, abusa da violência executando dez faixas com muita estrutura, equilíbrio e coesão.

De longe, percebe-se que o trio consegue construir sua identidade de maneira bem natural. "You Will Never Be One of Us" é um disco de fácil assimilação e consumo, onde o recado é dado no velho "curto e grosso", o que mostra que a banda é bastante objetiva e centrada em seu trabalho.

A produção e  mixagem que passaram pelas mãos de Kurt Ballou no God City Studios, com a masterização de Brad Broatright, deixaram a mensagem cristalina o suficiente, sem mexer nada no impacto sonoro vindo desse power trio, pois em pouco mais de vinte e um minutos a desgraceira é tanta que parece transbordar disco à fora!

Muita cautela aos tímpanos mais sensíveis, pois a metralhadora de riffs insanos e sujos, cheios de peso e distorção, dispara solta do início ao fim despejando o caos sobre a terra com muita qualidade e sem tempo para brincadeiras.

O disco, de cabo à rabo, é recomendadíssimo, nove lenhadas das vertentes mais estridentes da música extrema, com exceção da faixa "They Come Crawling Back" e seus oito minutos de duração que tem um vasto cardápio visceral para ser degustado.

Muito bom ser pego de surpresa e se apegar tanto a esses frutos que a música extrema tem nos saudado. Vida longa ao Nails e seu ensurdecedor  Powerviolence Grindcore! Corram, consumam!

Nails - You Will Never Be One of Us (CD, 2016)
Shinigami Records / Nuclear Blast Brasil - Nacional

Músicas:

1. You Will Never Be One of Us
2. Friend to All
3. Made to Make You Fail
4. Life is a Death Sentence
5. Violence is Forever
6. Savage Intolerance
7. In Pain
8. Parasite
9. Into Quietus
10. They Come Crawling Back


Integrantes:

Todd Jones - Vocais, guitarras
John Gianelli - Baixo, vocais
Taylor Young - Bateria


Sites Relacionados:

www.abandonalllife.com

Resenhas: Ancesttral: Web of Lies (CD, 2016)

Resenhado por Ygor Nogueira.

11 anos! Há exatos 11 anos o Ancesttral vem seguindo à risca a cartilha e apostando firme na produção de uma sonoridade simples, mas que sai pesada o suficiente, sem largar mão de soar tradicional. Aquela música que conquista logo na primeira audição, com uma pegada viril, que entranha nos tímpanos e te faz vibrar.

Com o intervalo de nove anos desde "The Famous Unknown" (2007) e alguns outros lançamentos em formatos menores, o Power Four paulista se lapidou a cada curva do percurso até chegar ao seu segundo bolachão, "Web of Lies" (2016).

Lançado pela Shinigami Records, o segundo registro da banda ganha uma roupagem mais moderna e chega ao ouvinte como um chute no estômago, sendo um dos melhores lançamentos nacionais desse ano!

Além de uma auto afirmação, provando que o Ancesttral continua com muita lenha pra queimar e mantêm sua essência intacta, a produção de Paulo Anhaia -  ganhador de quatro prêmios Grammy Latino, e que tem experiência de quase 30 anos - em "Web of Lies" não só ressaltou a evolução do grupo ao passar dos anos como fez jorrar sangue à ser bombeado nas veias da agressividade.

Um trabalho de grande amadurecimento musical e carregado de temáticas fortes, onde a evolução gradativa é peça crucial para esse resultado esplendoroso. As guitarras acertando a mão e trabalhando bem na distribuição de riffs pesados, cheios de groove e precisão; a precisão que os pequenos detalhes destilados nos arranjos e nos solos é de um zelo exemplar. O dueto de bateria e baixo esquentam os motores do Maverick com uma verdadeira lenhada de beats rechonchudos para serem conduzidos pelos vocais calibrados e bem dosados de Alexandre Grunheidt.

Sem conversa fiada, a verdade é que "Web of Lies" é o ponto de maturidade que o Ancesttral estava a procurar em sua jornada, e que agora que alcançado, deu um brilho extra à sua personalidade e musicalidade.

"Web of Lies" é daqueles discos onde não encontramos uma faixa descartável, pois todas elas te deixam confortável e familiarizado, como se fizesse parte de você. Mas se o problema é sentir os ossos estalarem um pouco, opte por "What Will You Do?", "Threat to Society", "You Should be Dead", "Nice Day to Die" e "Fire", pois quem muito procura. . Acha!

Ancesttral - Web of Lies (CD, 2016)
Shinigami Records - Nacional

Músicas:

 1. What Will You Do?
2. Massacre
3. Threat to Society
4. You Should be Dead
5. Fight
6. Nice Day to Die
7. Pathetic Little Liars
8. Subhuman
9. Web of Lies
10. Fire
11. What Will You Do? (Alternate solo version)


Integrantes:
Alexandre Grunheidt - Vocais, Guitarras
Leonardo Brito - Guitarras
Renato Canonico - Baixo
Denis Grunheidt - Bateria


Sites Relacionados:

www.ancesttral.com
www.metalmedia.com.br/ancesttral

20 agosto, 2016

Resenhas: Kataklysm: Of Ghost and Gods (CD, 2015)

Resenhado por Ygor Nogueira.

Tratando-se de metal, o Canadá, é responsável por ser útero de uma vasta leva de bandas graúnas a quebrar pescoços e mais pescoços por ai. E, nascido das entranhas do metal extremo, o Kataklysm e sua essência nata do Death Metal é sem sombra de dúvidas um gigante expoente do gênero na atualidade!

O quarteto que passa dos vinte anos na ativa, chega ao seu décimo segundo disco de estúdio "Of Ghost and Gods" superando qualquer expectativa e mostrando que não poupam as energias para lançar no mercado um trabalho de altíssima qualidade.

O disco que ganhou seu lançamento nacional recentemente pela Shinigami Records, em parceria com a Nuclear Blast Brasil, chega violentamente carregado e com algumas faixas extras para apimentar ainda mais o bagulho. A resultância final é de tamanho primor, prendendo logo nos primeiros segundos a atenção total do ouvinte.

Isso porque, - além da bélica arte sombria pelo artista Surtsey, usando a combinação de tonalidades escuras e contraste da arte obscura para representar muito bem a proposta do quarteto -, "Of Ghost and Gods" transparece uma célebre diversidade musical. A variedade rítmica nas canções é absurdamente matadora e preserva todas características primordiais do grupo, algo que a produção feita pela própria banda juntamente com a mixagem e masterização de Andy Sneap nivelou crucialmente.

A sonoridade agressiva e espontânea aparece aqui ainda mais refinada, abrindo espaço para arranjos melhor lapidados em meio ao ataque sonoro de riffs brutais de guitarra e um trabalho vocal ganchudo.

Autossuficiente e denso de cabo à rabo, o último registro do Kataklysm até agora, se põe facilmente nos patamares mais elevados, pois a maestria individual e coletiva desses canadenses enche os olhos, os ouvidos e os corações de alegria. Pois é difícil se manter parada quando "Breaching the Asylum", "The Black Sheep", "Marching Through Graveyards", "Vindication" e "Hate Spirit" começam à estourar os alto-falantes do seu aparelho de som!

Apesar de ser, originalmente, lançado em 2015, "Of Ghost and Gods" é um dos melhores trabalhos de Death Metal lançados até hoje. Altamente aquisitivo!

Kataklysm - Of Ghost and Gods (CD, 2015-2016)
Shinigami Records / Nuclear Blast Brasil - Nacional

Músicas:
1. Breaching the Asylum
2. The Black Sheep
3. Marching Through Graveyards
4. Thy Serpent's Tongue
5. Vindication
6. Soul Destroyer
7. Carrying Crosses
8. Shattered
9. Hate Spirit
10. The World is a Dying Insect
(Bônus)
11. Fire
12. Push the Venom
13. Elevate
14. Blood in Heaven


Integrantes:
Maurizio Iacono - Vocais
J-F Dagenais - Guitarras
Stéphane Barbe - Baixo
Oli Beaudoin - Bateria


Sites Relacionados:

http://kataklysm.ca