09 outubro, 2016

CREPTUM: Of Lies, Curses and Blood (CD, 2016)

Resenhado por Ygor Nogueira.

No seu último registro, "In The Arms Of Death", o CREPTUM deixou toda sua legião de seguidores a sensação áspera na garganta de. . quando teríamos o debut, um registro esguio para apreciarmos como o prato principal do culto. Pois bem. Pedidos feitos são pedidos atendidos!

A verdade é que a horda paulista estava com o "Ace of Spades" debaixo da manga e já trabalhava com vigor em seu primeiro filho, e diga-se de passagem, o disco chegou causando furor, indo contra aos padrões conservadores.

Sim! Lançado em parceria com a Mutilation Records, "Of Lies Curses and Blood" cruza os portões do inferno, regrado por um Black Metal carregado de fúria e acidez, vestindo mantos brancos cobertos pelo vermelho do sangue dos pecadores!

A ousadia que a banda tem sempre foi um dos fatores mais interessantes e atrativos, pois o grupo destila a essência visceral do mais puro Black Metal raiz, à lá anos noventa, uma sonoridade agonizante e ríspida, o verdadeiro culto da morte, mas não tendo medo de deixar tudo isso em alta qualidade.

Em "Of Lies Curses and Blood" não poderia ser diferente. Produzido pelo guitarrista Eric Cavalcante, no Ponto Zero Studio (Santo André, SP) e masterizado pela equipe Absolute Master, o primogênito dispõe de dez composições impetuosas e agressivas, além de contar com "In The Arms Of Death" e "Burn the Cross" do EP anterior, além da participação do multi-instrumentista Paolo Bruno (Desdominus, Thy Light) nos solos da faixa "An Inevitable End".

Guitarras disparando rajadas brutais de riffs sujos e cortantes como lâminas afiadas, arranjos gélidos e bem trabalhados, uma cozinha rítmica de andamentos muito bem sincronizados; as quatro cordas latentes e pontiagudas e uma orquestração de bateria esgalgada e imprescindível. As linhas vocais de Raphael Grizilli cheias de cólera, estão ainda mais raivosas e cruas lembrando Per Yngve Ohlin (Mayhem) e Varg Vikernes (Burzum).

Grizilli, que também é Graphic Artist, que assinou todas as artes da banda até aqui, ficou à cargo da impactante e polêmica capa do full-length, um design refinado e luxuoso banhado pelos tons vermelhos de sangue.

"On The Pale Horse": Usa de alguns segundos de introdução, no clímax apocalíptico, para logo em seguida aparecerem riffs grudentos e ásperos, acompanhados pelas pancadas violentas de bateria. Há uma certa variação de bom uso, com momentos mais densos e um refrão que crava no crânio.

"In The Arms Of Death": Abusa da agressividade para destilar fúria, e ressalta o controle e trabalho rítmico que o grupo tem, variando entre a velocidade, a técnica e uso de quebradas bruscas.

"Against the Lies": Dispõe de uma estrutura altamente agressiva, brutal, que mesmo em seu momento de uma leve quebrada, não deixa de esmagar tímpanos. Vasto trabalho de bateria, investindo em beats, pedais duplos e viradas.

"An Inevitable End": Uma atmosfera mórbida regra o andamento da faixa, que mesmo parecendo a mais cortejante, não abre mão de dilatar a áurea recheada de fúria. Paolo Bruno trouxe requintes do Thy Light para a canção e soltou um solo pomposo à faixa.

"Burn The Cross": Burn! Burn the Cross! Não seria o Creptum se não houvesse esses momentos de pura blasfêmia e profanação em sua música, a faixa usa todo seu peso e velocidade do riffs.

"Memento Mori": A introdução sombria das quatro cordas abrindo alas para. .

"The Unknown Darkness": Que mantém pulsante o grave do baixo ao lado da rifferama cerrada das guitarras. Também usa muita variação rítmica.

"Through the Flames and Shadows": Digamos que a faixa tocaria facilmente numa programação de rádio num sábado à noite? Não mesmo, mas certamente é aquela "Baladinha-Black" que dá folga ao tímpanos.

"New Aeon Misanthropy": Riffs densos regram o andamento arrastado da faixa, que usa de temperos mais soturnos, envolto a uma forte temática.

"The Black Sword": A faixa mais longa do disco e que lembra algumas hordas da Noruega, aqui também feito um trabalho rítmico mais extenso, abrangendo vários elementos de forma individual e coletiva, arranjos dignos de uma seita para sacrifício deixam o clima ainda mais sombrio.

O fato é que o CREPTUM, desde sua origem, soube exatamente em que patamar queria chegar, procurando sempre requintar sua música sem perder sua essência, e de fato, conseguiram fazer algo extraordinário! Quinze anos de lutas e muito sangue derramado, esses veteranos de guerra transcenderam seu gênero e consolidaram-se de vez, emperrando a bandeira do metal negro no topo da montanha gelada.

Valeu a pena esperar tanto!

Creptum - Of Lies, Curses and Blood (CD, 2016)
Mutilation Records - Nacional

Músicas:
1. On The Pale Horse
2. In The Arms of Death
3. Against the Lies
4. An Inevitable End
5. Burn The Cross
6. Memento Mori
7. The Unknown Darkness
8. Through the Flames and Shadows
9. New Aeon Misanthropy
10. The Black Sword


Integrantes:
Tanatos - Vocal e Guitarra
Deimous Nefus - Guitarra
T. Aversvs - Baixo
Animus Atra - Bateria

Sites Relacionados:
www.creptum.com
www.metalmedia.com.br/creptum